domingo, 17 de outubro de 2010

Mulheres comemoram sucesso da I Feira da Economia Feminista Solidária e do Encontro de Trabalhadoras Rurais










Durante três dias mulheres de 31 municípios do Rio Grande do Norte se reuniram em dois eventos com o objetivo de vender artigos que elas produzem e também reivindicar melhorias nas políticas públicas direcionadas à mulher. Na feira da economia solidária, o sucesso de vendas superou as expectativas do Grupo Mulheres em Ação, responsável pela execução do evento.

“Nós conseguimos atingir nossos objetivos, realizamos a feira da forma planejada e as mulheres como um todo avaliaram positivamente”, destaca Plúvia Cristine, assessora do Grupo. As feministas apresentaram produtos diversificados e conseguiram, além de visibilidade para as riquezas de cada região, vender os produtos e garantir a renda familiar.

Foi o caso de Elivanda da Silva, que veio de Carnaubal para mostrar o trabalho artesanal feito com a palha da árvore que dá nome ao seu município, a carnaúba. “Eu já tinha participado de outras feiras e estava quase desistindo, porque não vendia quase nada, só mostrava o trabalho. Dessa vez fiquei até animada para participar de outras feiras”, conta. Além de artesanato, cerca de 200 trabalhadoras apresentaram gêneros alimentícios, artigos medicinais, roupas, calçados, entre tantos outros itens.

Com a capacitação realizada dias antes da feira pelo especialista em economia solidária, Tiago Dias, elas conseguiram melhorar a apresentação dos produtos, agregando ainda mais valor. “Achei a feira muito organizada e gostei das embalagens dos produtos, que servem até para dar de presente”, opinou a dona-de-casa Gercina Cavalcante que visitou a feira e comprou produtos.

“A feira ajudou também para que a sociedade conhecesse o trabalho realizado pelo Mulheres em Ação desde 1994. Muitas pessoas não sabiam que o grupo existia há tanto tempo e ficaram impressionados com os projetos direcionados não só para as mulheres, mas para as crianças, jovens e famílias como um todo”, avalia Plúvia Oliveira, integrante do grupo.

As atrações culturais, com a apresentação do espetáculo “Véu: a poética do só”, oficinas de tetaro e de bonecas de pano deram um tom mais cultural ao evento, atraindo ainda mais visitantes. Se por um lado as mulheres conseguiram mais visibilidade e renda com a venda das mercadorias, por outro saíram do encontro mais politizadas e com resultados concretos.

Cerca de 170 mulheres integraram o encontro de trabalhadoras rurais que teve a participação de representantes de entidades como EMATER, CONAB, BNB, INCRA, entre outras. “O encontro foi muito construtivo porque nós conseguimos passar para as entidades nossas reivindicações. Eles se comprometeram a ver onde os órgãos podem melhorar para facilitar o acesso das mulheres ao crédito e às políticas públicas”, explica Viviana Mesquita, d Associação de Apoio às Comunidades do Campo (AACC).

“Esperamos que elas possam reduzir os entraves para que a gente possa usufruir desses benefícios como quer e deseja”, acrescenta Fátima Gondim, integrante da Rede Xique-Xique, que apoiou a realização da feira. Como aprendizado para as próximas feiras as mulheres pretendem realizar batucadas e caminhadas diariamente para convocar a população a participar e contribuir para a realização de eventos como este. E, consequentemente ajudar a difundir cada vez mais as redes de economia solidária.

Trabalhadoras Rurais Aprendem Sobre Preparação e Apresentação de Produtos

Cerca de 60 mulheres participaram durante dois dias de uma capacitação que serviu de preparação para a 1ª Feira Territorial da Economia Feminista e Solidária. As participantes fazem parte de grupos localizados em diversos municípios do estado e produzem gêneros alimentícios, além de artesanato através dos princípios da economia solidária.

O responsável pela capacitação, professor da Ufersa Tiago Dias, especialista no assunto, forneceu informações sobre preparação e apresentação dos produtos, desde as etapas iniciais de produção até a venda.

Os grupos que participaram da capacitação e estarão expondo seus produtos durante a feira representam os territórios Assu-Mossoró e Sertão do Apodi. “Elas fabricam mel, hortaliças orgânicas, subprodutos à base de peixe, além de artesanato como renda, crochê e ponto cruz. O nosso objetivo é apresentar esses produtos alternativos para a sociedade e também conquistar a certificação deles dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura”, explica Lanusa Cristine, coordenadora do projeto Feiras da Economia Feminista e Solidária do RN.

Durante a feira cerca de 80 grupos estarão expondo seus produtos e realizando mesas de negociação dentro da programação do Encontro Estadual de Trabalhadoras Rurais, que acontece simultaneamente, no espaço Carcará. “Queremos que os órgãos apresentem as propostas sobre o que podemos fazer para conseguir os selos exigidos pelo ministério para comercializarmos nossos produtos. O nosso objetivo é sair do evento com os encaminhamentos”, diz Lanusa.

Além de dar mais visibilidade a produção, comercialização e intercâmbio dos produtos, os dois eventos que são fruto do processo de auto-organização das trabalhadoras rurais do estado, têm o objetivo principal de avançar nas políticas públicas voltadas para as mulheres e fortalecer a organização produtiva dos grupos.

Fonte: Economia Feminista e Solidária do RN