terça-feira, 21 de setembro de 2010

Em Apodi, projeto de inclusão social beneficia trabalhadoras


Criado em 1997, o assentamento Milagres está localizado no município de Apodi e possui em sua unidade 26 famílias em uma área de 705 hectares. Em 2003, o assentamento voltou a ter, de forma sistematizada, a assistência técnica ? financiada pelo Projeto Dom Helder Camara (PDHC) e MDA. Esse trabalho fomentou o debate sobre a importância do acesso ao Pronaf Mulher e a possibilidade da geração de emprego e renda de forma mais direcionada e garantida para as mulheres.

Em 2004, as mulheres acessaram o Pronaf devido à articulação feita por instituições governamentais (PDHC, Incra e Delegacia do MDA), não-governamentais (Centro Feminista 8 de Março, Centro Terra Viva, Cooperativa Coopervida etc) e agentes financeiros. Por iniciativa do PDHC, em parceria com o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR-NE), foram emitidos 1,6 mil documentos para as mulheres.

As mulheres que antes cuidavam da casa e dos filhos contam que o acesso aos créditos do Pronaf Mulher mudou a vida de todos no assentamento. ?Os homens entenderam que a iniciativa representa uma vitória de todas e passaram a nos ajudar mais em casa?, contou a trabalhadora Francisca Cleuda da Costa. No passado, as políticas agrícolas consideravam as mulheres eram apenas como mães ou esposas. O quadro está mudando. As mulheres do assentamento Milagres, por exemplo, já possuem a titularidade conjunta da terra, isto é, o imóvel está em nome dos dois, do marido e da esposa. Qualquer atividade na terra necessita da autorização de ambos, tanto o marido quanto a esposa. ?Quando acessamos o Pronaf, nossos maridos tiveram que assinar a documentação?, declarou Aparecida Dantas Tôrres Paiva, 24 anos. Casada e mãe de um filho, ela mora no assentamento desde a sua fundação.

Contratos do Pronaf

Dados do Banco do Nordeste (BNB) indicam que no Pronaf do Rio Grande do Norte, para a safra 2004-2005, até o mês de janeiro, foram realizados 26 contratos da linha especial, o que equivale a R$ 127 mil. Além desses, mais 46 projetos já foram contratados. Com base nos dados do BNB, no ano de 2000 o percentual de mulheres que acessavam o crédito era de 8,89% e, em 2004, foi de 28,36% em todo o estado.

No município de Apodi o BNB realizou 642 contratos em nome de mulheres. Desse total, 25 são da linha especial Pronaf Mulher, além de 20 projetos que estão em condições de contratação nos municípios de Mossoró e Upanema, na região oeste do Rio Grande do Norte.

Dados do Banco do Brasil mostram que para o Grupo ?C? as mulheres tomaram 10% do valor aplicado. O valor destinado pelo banco para a linha é de R$ 40 milhões e um total de 45 mil operações. No município de Apodi as mulheres acessaram 121 operações e um montante de R$ 96,8 mil na linha ?C?.

Colmeias

No município de Apodi, dois assentamentos acessaram o Pronaf, o de Milagres, com oito mulheres (recursos na ordem de R$ 55 mil ) e o Vila Nova, com quatro mulheres (recursos na ordem de R$ 25 mil). Cada mulher do assentamento Milagres foi beneficiada com R$ 5,3 mil a R$ 5,9 mil. O projeto prevê execução individual e coletiva. O coletivo destinará a produção de mel para a confecção de sabonete liquido, gel de barbear, creme esfoliante, sais de banho etc. Esses produtos serão comercializados via Cooperativa da Agricultura Familiar de Apodi (Cooafap). O crédito individual destina-se às atividades de ampliação de apiário, caprinocultura e bovinocultura (ambos de aptidão leiteira).

As mulheres avaliam que o acesso ao crédito rendeu-lhes resultados positivos. O grupo produziu, no ano passado, 45 latas de mel (15 quilos/lata) durante o ano ? atividade concentrada nos meses de maio a julho. Cada lata foi vendida, via Cooafap, a R$ 90,00, o que resultou numa renda estimada de R$ 600,00 para cada cooperada. Além da geração de renda, deve-se contabilizar os resultados indiretos, como reconhecimento, aumento da auto-estima e, sobretudo, avanço no processo organizativo.

Maria Aparecida Participou da criação do grupo de mulheres, em 1999, assessorado pela Cooperativa Terra Viva, sempre disposta a contribuir com as discussões e buscar uma nova forma de viver para as mulheres. Assumiu papel de liderança no grupo ?Amigas das Abelhas? como coordenadora da comercialização e negociando a produção junto à Cooafap.

Como muitas trabalhadoras, Maria Aparecida também teve que tirar alguns dos seus documentos (2ª via do registro de casamento) na campanha coordenada pelo Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais com o apoio do Projeto Dom Helder Câmara no Território de Apodi. Quando foi iniciada a discussão sobre o acesso ao crédito, mostrou-se entusiasmada e feliz, pois sempre foi um sonho que queria realizar.

Participou de todas as discussões, inclusive encorajando as outras companheiras para não desistirem e lutarem pelos seus direitos. Maria Aparecida considera o Pronaf Mulher a maior conquista durante todo esse tempo, pois foi pensado por todas as oito mulheres e, segundo ela, com certeza dará certo. ?Essa experiência de acessar o Pronaf Mulher é um incentivo para que todas as trabalhadoras rurais lutem para conseguir, pois temos que acreditar que esse crédito é nosso?, destacou.

sábado, 18 de setembro de 2010

Mulheres Promovem Feira de Economia Feminista e Solidária



O Oeste Potiguar vai realizar a sua 1º Feira de Economia Feminista e Solidária nos dias 14, 15 e 16 de outubro. O evento, idealizado pelo Grupo Mulheres em Ação e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), será realizado em Mossoró (RN) pelas mulheres que fazem parte dos Territórios Sertão do Apodi e Assu-Mossoró, Centro Feminista 8 de Março, e organizações parceiras.
A iniciativa tem como objetivo fortaceler a organização produtiva das mulheres, além de garantir mais renda, a partir da formação e comercialização dos produtos nas Feiras: Territorial e Estadual do Rio Grande do Norte. “Há muitos grupos que trabalham com artesanato [na região], mas eles ainda são um pouco esquecidos e essa Feira vem mostrar essa realidade. A gente pensa nessa Feira em bater recorde”, diz Adriana Soares, integrante do Fórum de Mulheres do Oeste Potiguar.
De acordo com as organizadoras do evento, cada município dos Territórios envolvidos, terá direito a dois representantes no evento e, ao todo, serão selecionados 60 grupos que deverão expor e vender os seus mais variados produtos. Os critérios para a seleção são: grupos de jovens, ser agricultora, quilombolas, grupos que acessam políticas públicas, promovam economia solidária, praticam a diversidade produtiva ou que 90% dos integrantes do grupo sejam mulheres. As organizadoras lembram que toda a iniciativa vem sendo feita através da participação e interação com a sociedade.
Fórum de Mulheres – O Fórum de Mulheres do Oeste Potiguar é um dos movimentos sociais que participam do Território Sertão do Apodi e Alto Oeste. Artesanato, produtos agroecológicos, artigos de reciclagem e alimentícios, como doces e mel são algumas das produções que já são comercializadas em feiras municipais e poderão ser comercializadas na Feira de Economia Feminista e Solidária.
Todas as mulheres que participarão do evento terão capacitação em Economia Solidária. A primeira capacitação acontecerá nos dias 23 e 24 de setembro e terá como tema a importância da embalagem e custo dos produtos. “Alguns produtos que as mulheres fazem são vendidos a preços baixíssimos e dá muito trabalho a fazer. Vamos discutir preço, embalagem e logomarca para garantir uma maior renda a essas mulheres”, explica Adriana Soares, integrante do Fórum de Mulheres do Oeste Potiguar.

Deu no Blog de castelo morais;GRUPO DE ARTESÃS DE APODI SÃO EXEMPLO DE AUTO-ORGANIZAÇÃO E AUTONOMIA ECONÔMICA.




O grupo de mulheres artesãs Arte em Palha foi criado no dia 15 de outubro de 2002, tendo como missão desenvolver o artesanato local, com autonomia, de forma justa e solidária, proporcionando o desenvolvimento sustentável.
Atualmente, o grupo é formado por nove mulheres agricultoras da comunidade Trapia II, localizada no município de Apodi/RN, que trabalham e desenvolvem o artesanato em palha de carnaúba, planta típica da região.

PRINCÍPIOS
O grupo segue os princípios da economia solidária, baseados na união, no respeito, na solidariedade, no compromisso, buscando com isso desenvolver e preservar a cultura e o conhecimento da arte de se trabalhar com a palha, seja através da confecção dos produtos artesanais ou da organização do grupo.

AUTO-ORGANIZAÇÃO
O Arte em Palha apresenta um potencial que é ressaltado pela união e a organização, tanto no controle da produção como na participação das componentes em feiras, eventos, seminários, intercâmbios e capacitações.
Entre os produtos elaborados pelo grupo estão cestas, bolsas, baú, carteiras, pastas para eventos, chapéus, porta lápis, porta gelo, frasqueiras, bandejas, jarras, vassouras.

DIFICULDADES
Com relação à produção e comercialização, verifica-se uma limitação na aquisição dos insumos e matéria prima, bem como uma baixa comercialização. Isso é reflexo da dificuldade de comercialização do artesanato, recursos limitados e falta de uma política sistemática de apoio aos diferentes grupos que desenvolvem o artesanato.
É importante salientar que o artesanato envolve várias atividades que vão além da própria produção, ou seja, é uma atividade que fortalece e resgata a cultura local, valoriza o trabalho das mulheres, garantindo a presença em espaços de articulação, construção política e comercialização, como a Rede Xiquexique, a Marcha Mundial das Mulheres, o Centro Feminista 8 de Março, a Feira da Agricultura Familiar de Apodi, Casa de Cultura de Apodi e outros eventos.

Contato do Grupo: (84) 91830743/ (84) 91377940.
FONTE . Noticias do Campo